terça-feira, 20 de abril de 2010

Sim eu tenho!

so what!!!???

Eu tenho uma Farmville! Ah pois tenho, e dedico-lhe carinho, dedico-lhe tempo, essa coisa tão preciosa. Tenho roupa pra passar, pó pra limpar, crianças para assoar, mas meus senhores faça-se silêncio! Há muito trabalhinho a fazer! As colheitas não podem esperar, os animais têm que ser ordenhados, as flores colhidas a tempo e horas....enfim, um corropio....

so what!!!???

"Me above all"...penso tantas vezes. Como é que eu, sim eu que me tenho por uma pessoa racional, decidida e outras coisas assim que sim senhora, como é que eu vou cair numa armadilha destas! Não sei. Obviamente, como diz o meu Paizinhos, há sempre uma desculpa prá morte, e eu também tenho a minha. Sou uma pessoa dada a vícios, já fui fumadora (aiiii que sódades, pá....), adoro jogos; quantas noites da minha vida (a.f.) passei em claro em frente das muralhas de um tentador Mahjong, os livros, os blogues. A verdade é que só não me deixei tentar antes, porque relutantemente ia virando a cara, lançando olhares de revés, e coise.
Ainda não há muito tempo que me fartei de rir com um amigo da mais velha, que um dia lá em casa, inquirido sobre o porquê de continuar a ir à "Quinta", me respondeu: "eu ligo pouco aquilo, mas tenho pena de ver as coisas ali a estragarem-se..."....o quê!? respondi eu (pá sou a maior e tal, tás a ver...) as coisas???? mas N., desculpa lá dar-te a notícia...aquilo não existe sabes? é virtual.
Ahh é virtual!..ah tão tá bem...
Sim meus amigos, é ridículo acalmar bois, pentear gatos, limpar penas, e ordenhar cabras que duhhhh são uns montes de pixeis coloridos no ecran do computador, estou perfeitamente consciente do facto e ainda assim, sempre que posso, deixa cá ver se há alguma coisinha pra apanhar....
Como se tudo isto não bastasse, descobri em mim uma pessoa, com uma certa ganância, adoro ver aquele contador de moedas passar, repimpo-me a ver a minha "conta Quintária" crescer, imagino-me uma latifundiária, a fazer os pagamentos ao fim de cada mês com aquele ar de quem manda, mas manda bem, a uma carreira de assalariados muito obedientes....
E depois compro mais uma casa, e depois outra, e a próxima ainda vai ser maior, e maior, e até tenho um castelo, e depois a imaginação descarrila de todo e agora a minha FV, até já tem uma história muito própria e tem habitantes que têm nomes e familias e afazeres...que o diga a mais nova que vira e mexe diz "oh mãeeee conta lá a estória da Quinta! Oh pá mãeee eu tamém quero um estória prá minha!!"
Eu não abro mão de que sou uma pessoa inteligente (desculpem se a modéstia, vos choca), mas deve haver um bocado qualquer do meu cérebro que degenerou e anda há deriva. Eu sou uma Alentejana de gema, sei de cor e salteado que o trigo não se faz em três dias, e as uvas precisam de muito sol e muitas mãos e suor, sei de lés a lés que as vacas não parem da manhã pró sol-posto, e que não há galinhas de ovos de ouro. Mas o que querem que vos diga, aquilo dá-me gozo e pronto!
Também entre semear couves e alcachofras ou aderir a grupos do género "sim eu uso cuecas de renda mas sou muito macho!" venha o diabo e escolha.
Ps: Aqui em baixo podem admirar o meu lodge, a zona mais zen da minha quinta, onde vive um escritor, homem calado e solitário que escolheu o recato do campo para criar....
Pss: a.f. - antes de filhos
psss: so what!!!???

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Não vás! telefona!


Parece ser o lema que rege o nosso marejar.

Peço desculpa se vou aqui ferir algumas susceptibilidades, mas não posso conter o que me vai na alma.

Os telemóveis, chegaram à minha vida, já numa idade em que a vulnerabilidade a todo e qualquer tipo de novidade não apresenta qualquer perigo, e as tecnologias nunca foram a minha praia. Digamos que acabei por me render às evidências do "toda a gente usa, se calhar tenho que me juntar ao molhe". Lembro-me que o primeiro foi um Mimo, lembram-se? Um bajolo azul, pesado que nem cornos (diz que os cornos pesam). Depois, seguiram-se outros, cada vez mais leves e magros como ditam os cânones das modas. A verdade é que nunca morri de amores por estes objectos, e mesmo hoje em dia, reconhecendo todas as suas facilidades, não consigo olhá-los de frente. Há sempre aquele remorso, aquele ressentimento, não me perguntem porquê, porque não sei explicar, mas cultivo uma atitude de Velha do Restelo em relação aos telemóveis, e quanto a isso não há nada a fazer.

Tenho a séria convicção de que estes aparelhos têm vindo a estupidificar as pessoas. Desenvolvem-se os polegares em detrimento do cérebro. Senão vejamos. Um dia destes, enquanto accionava o meu modo Darth Vader com a mais velha "se as coisas não melhoram deixas de levar o telemóvel prá escola", ela rebateu indignada "Mãããeeee! E depois como é que eu encontro as pessoas na escola!!!!????" ....Desculpa!!??

Já repararam como grupos de pessoas, supostamente amigos se movem no meio das ruas? Nomeadamente grupos desta gente mais nova. Não se olham, não conversam, apenas caminham lado a lado, cada um metido no seu próprio terceira geração com não sei quantos pixeis, provavelmente a enviar mensagens para o outro que vai ali mesmo ao lado.

O meu maior medo, é mesmo o facto de me sentir um pouco engolida por esta onda toda. Mesmo eu já me sinto despida se não carrego o estropício comigo. E isto meus amigos é triste. Estou a amolecer é o que é. No entanto, e talvez fruto deste pé atrás que tenho para com os ditos objectos, existe uma espécie de malapata, que me persegue deste o tal Mimo, até hoje. Não sei se por descuido, não sei se por desleixo, mas certamente, sim, por uma negligência consciente, todos os meus telemóveis têm tido uma vida curta com um final extremo. Só para vos dar uma achega, dos quatro últimos, o primeiro esqueci-me dele em cima do capot do carro, e arranquei...nunca mais o vi...já lá vão uns bons três anos. O segundo, ainda hoje me pergunto como, arranquei-lha a peça onde encaixa o carregador (calculo que tenha a ver com a delicadeza com que trato as coisas). O terceiro fez um ciclo completo intensivo a 60 graus centígrados, para roupa branca muito suja, e por último, o ainda sobrevivente, este desgraçado da imagem, como podem constatar não anda já com boa cara.

Cá em casa, dizem que é porque eu só compro tralha, verdade...são sempre os mais...económicos, eu aceno e vou concordando, mas aqui pra nós que ninguém nos ouve, eu e os telemóveis é mesmo violência doméstica consumada ao mais alto nível.


Ps: Este post, como é bom de ver, insere-se no âmbito do anterior....coisas que não interessam nem ao Menino Jesus.

E não vai ficar por aqui...
 

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