sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Alentejo não tem sombra...

...senão a que vem do céu"


Reza a sabedoria do povo, e pra não variar, com muita razão.

Que se lixe! Hoje vou mesmo falar do calor. Tá bem que toda a gente anda a falar do mesmo, tá certo que é Verão e blá blá blá.

Mas este é um tema incontornável. Pelo menos aqui em baixo (leia-se Alentejo) é.

O poeta (Eugénio de Andrade) a certa altura escreveu "não é impunemente que se nasce Alentejano", e cada vez com mais certeza tenho que concordar com as suas palavras.

Por estas terras o calor é mais inclemente. É assim um bafo seco que não existe em nenhuma outra parte do país. Agora, uma grande parte destas planícies foi consumida pelo maior lago artificial da Península, a Barragem de Alqueva, mas ainda assim, quando o sol desce sem dó nem piedade como tem acontecido, nem olhar este mar de água refresca os corpos. Nem o verdejar de hectares e hectares de vinhas, nada, não há clorofila que valha a esta terra.

Quando o calor chega, só há uma coisa a fazer, a malta pega-o de caras, e deita-se à sesta. E depois venham cá dizer que o Alentejano é malandro! Bonito, bonito, é ver como os nossos turistas (aqueles que vão pra fora cá dentro) se arrastam de boca aberta e olhos parados pelas muralhas da Vila de Monsaraz (aquilo é lindo de morrer, mas no caso dos forasteiros é mesmo desidratação profunda...), é um deleite vê-los cair que nem pardais nas esplanadas ali na Praça do Papança, a abanarem-se sem forças, todos embezerrados.

Pois, é que aqui, por estes meses em que o Estio não é manso, os "malandros" que trabalham no campo, estão a pino às 5 da matina, e fazem o dia de trabalho pela fresca. Claro está, que na hora do acarro, onde até o zumbir da mosca é dolente, a essa hora estão à sesta.

Conta-se que uma aldeiazinha mais no Baixo Alentejo, terá em tempos longínquos feito um abaixo-assinado para que os governantes da altura levassem a praia até lá.

Não estava mal pensado, não senhora...

Também por causa deste clima sui-generis, e felizmente, ainda é raro ver atentados à arquitectura nesta região, pelo menos aqui mais pelo interior, o branco ainda impera, engalanado pelos azuis fortes e os amarelos ou ocres.

É caso pra se dizer, como por aqui se diz "porra! não podes com a seca nem com a inverna!", tá calor? Atão pois se é o tempo dele!



Glossário
Pela Fresca: Antes do sol nascer, ou depois de se pôr.
Embezerrados: diz-se quando a pessoa está com a cara toda vermelha por acção do calor extremo

Acarro: Diz-se da hora em que não tine um pedo. Perceberam? A hora em que está tudo no sossego, é isso.

Seca: O calor...

Inverna: O frio...

Porra: Porra



Fotografia da Leonorzinha, que saiu de propósito à rua às duas da tarde só por que eu pedi "carinhosamente"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Estado de sítio


Bem sei, tá muito calor, e não se aguenta e isso tudo, mas não é disso que falo (pelo menos não hoje, não agora)

Estou aqui sentadinha à minha mesa de trabalho, supostamente a trabalhar, e eis senão quando, ouço um baque,olho para a porta de vidro à minha direita, que é também a porta de serviço de acesso ao escritório e vejo.....isto:

E agora como é que eu vou almoçar?
Eu sei que nem devia almoçar, mas quero ir, e agora?
Como é que eu chego até ao meu carrinho, que está ali tão à mão de semear, entre mim e este espécime saltador que é o responsável pela minha maior fobia?
E é escusado alguém vir com lérias do tipo "ohh mas esses bichinhos são inofensivos!"
Serão inofensivos, sim senhora, mas longe bem longe da minha pessoa.
Tenho um medo irracional do animal em questão. Uma coisa assim visceral e primitiva, que é de tal ordem que estou a escrever, mas um arrepio constante sobe-me pela espinha acima e estou com a chamada pele de galinha, só de pensar naquelas patas ásperas e nojentas, naquele bater de asas assim meio em surdina, no barulho que fez a bater/pousar na janela. E depois imagino logo aquele avião de 5 cm, a vir direitinho a mim, a cair-me na cabeça, a emaranhar-se nos meus cabelos e eu a "amandar-me" literalmente pró chão aos berros, e....
Meus senhores, eu já estive fechada em casa, durante duas semanas por causa desta raça!
Já lá vão muitos anos, e estava um verão mais húmido que o normal por estas bandas. Acho que já foi há mais de 20 anos. Apareceu por aqui uma praga que encheu as ruas e as casas dos mais descuidados. Mais de duas semanas. Não saí enquanto não me assegurei de que todo e qualquer exemplar tinha sido exterminado e jazia agora morto e seco.
Mas está mesmo na hora porra!
Tenho os gaiatos à espera.
E o marido.
E tenho fome :
Ai o cacete!
Vou dar a volta, é mais ou menos 600 ou 700 m, se der a volta...humm mas é isso mesmo. Eu sou medricas e não vou enfrentar a fera coisa nenhuma.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

What time is it?


It's time to get funky!

Pergunta e resposta mais ouvida ontem à noite na Herdade do Cabeço da Flauta, no Super Bock Super Rock 2010.
Último dia, 32 mil presentes à meia noite em ponto para a chegada de Prince.

Lá foi o rebanho todo caminho do Meco, pequena incluida. Aliás, por causa da pequena, cheguei a ouvir um comentário do tipo "esta gente trás crianças tão pequenas!", apeteceu-me responder qualquer coisa desagradavel, mas reparei que a pessoa em questão não devia sequer ter o dobro da idade da pequena, e desisti.

Voltando ao Prince, que é isso que interessa.
O meu caro esposo, logo à segunda música comentava: "Este fez o percurso contrário ao Michael Jackson, está cada vez mais preto."
E não era à cor da pele que ele se referia, mas sim ao ritmo, à batida, ao embalo. Muito R&B, e Funky, e Blues, muita sensualidade e deveras muito Black Power.
E meus senhores, ouvir o "Dar de beber à dor" na voz da Ana Moura acompanhada à guitarra....eléctrica por este Senhor, vou-vos contar! Foi épico (diziam os meus miúdos mais velhos).
Fala-se muito, e é notório, o ego enorrrrrme de Prince, mas ali, naquele momento, ele deu-lhe espaço, deu-lhe palco e isso foi arrepiante.
Em 93,quando ele esteve no velhinho estádio de Alvalade, uma barriga de nove meses impediu-me de o ir ver, e ontem era quase ponto de honra pra mim, que sou fã fervorosa desde sempre.
O concerto foi tão espectacular que até custa falar em coisas más...mas tem que ser.
Quem levou o Festival lá prás bandas do Meco, se calhar é melhor trazê-lo de volta depressa. Aquilo, fora do recinto é o caos. Os apregoados parques de estacionamento do tamanho de dez estádio de futebol (diziam eles) entupiram. L-i-t-e-r-a-l-m-e-n-t-e
Nem vou falar no pó, que até faz parte daquele ambiente descontraído e alternativo e tal, mas a coisa cá fora descambou, mesmo. Acreditam que cheguei ao carro às 2.10h e consegui sair do parque para a estrada nacional às 4.50h? Acreditem que é verdade. Nós e mais umas boas centenas de carros por ali.
Por isso se alguma coisa que escrevi não soar bem, sejam clementes...estou a cair de sono.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

COISAS QUE ALEIJAM: O TROCA TINTAS


Uma pessoa sai do buraco uns míseros 10 dias, e quando chega a casa dá de caras com notícias como esta:


"João Moutinho no FCP"


Toda a minha vida ouvi dizer, pode-se mudar de casa, de partido, de carro, até de marido/mulher, mas nunca JAMAIS de clube.


É que nem uma porcaria de uma fotografia vestido de azul se encontra em lado nenhum.


Cabraõzinho.



Esta aleijou. Mesmo.


 

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