quinta-feira, 12 de maio de 2011

Pindérica


Eu.
Não é fácil ter que chegar a esta conclusão sobre mim, mas há que pegar o toiro pelos cornos...
Diz o dicion
ário da língua portuguesa, que pindérica é um termo depreciativo que se prende com a falta de elegância. Portanto, eu.
Ontem num supermercado cá do burgo, uma funcionaria da caixa, depois de ouvir uma conversa entre mim e a minha "comadre", disparou sem do nem piedade: ahh então são comadres? bem bem...tem que se por a pau que ela é toda jeitosa e elegante!
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Não que seja grande novidade pra mim. A verdade é que que cada vez me vejo mais parecida com a minha mãe, que nunca na vida perdia tempo a ver-se ao espelho. A vida vai-nos encaminhando, tipo cicerone, e quer seja por escolhas ou dados adquiridos, vai-nos desmoronando castelos e construindo casinhas.
Não me estou propriamente a queixar, mas por outro lado estou exactamente a queixar-me aiii a minha vidinha e assim.
Não digo que tenha abdicado de mim enquanto mulher, mas com certeza que fui arquivando muitos dos meus quereres em detrimento de banhos de realidade contínuos.
As vicissitudes da vida t
êm encontrado uma criatura com pouca atitude em relação à vaidade, física vá lá. Não tenho paciência para horas no cabeleireiros, opto habitualmente por cortar em casa, pintar em casa, esticar em casa e por aí adiante.
Sou roedora de unhas a tempo inteiro desde que me conheço, o que impossibilita de todo manter alguma postura. Nunca fiz uma manicura, ou pedicura, tenho pouquíssimos pares de sapatos, ou carteiras, ou outra coisa qualquer.
Ca
í na asneira de acreditar piamente na falácia de "o que conta é o que esta cá dentro", mentira!
O que esta cá dentro é o quê? O que esta cá dentro só pode ser valorizado no contacto com os outros, e quanto muito resulta num mundo um bocadinho assim a dar pro solitário se o envolvente humano/social não for compatível.
Por isso mesmo, tenho a casa atibada de livros, a cabeça atafulhada de conhecimentos (pronto, não serão assim tantos), e visualmente sou uma nódoa.
Se isso me preocupa? Mas e claro que preocupa! Apetece-me ser gira por fora, e elegante e essas merdas todas!
Enfim, depois desta mini revolta interior, começam a martelar-me na cabeça frases tão sabias como: burro velho não aprende línguas e o habito faz o monge.
Não creio que haja alguma esperança de nascer aqui uma quarentona toda boa de pele hidratada e unhas perfeitas e cabelo sedoso e de fazer parar o trânsito e coise.
Mas tenho pena, a sério que tenho.
 

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