Foi uma festa....não, não foi, nunca é!
Há quase uma semana que ando a embonecar a mais pequena. Hoje vou de gato! ai vais...? Estou bonita? Vá faz-me aqui uns bigodes, isso mesmo, tás a ver? Pareço o Rex! Pois pareces...especialmente porque estás de preto e o Rex é branco.....E à tarde vou de princesa! ......
Aquele vestido cor-de-rosa e a cabeleira loira que o meu pai me comprou! (é quase uma ordem...quer dizer...é uma ordem). Lá foi de manhã de gato à tarde de princesa, e no dia a seguir, preparava-se com grande pompa o desfile escolar. Um frio daqueles de rachar lenha, uma chuvinha miudinha que mais pareciam agulhas de gelo e aquele ventinho suão que seca até a pele da sola dos pés! Um espectáculo! Lá a atafulhei de...deixa cá ver....duas camisolas interiores, mais uma de gola alta e pra rematar uma camisola polar, boa! Em cima de tudo isto, e já com a gaiata a rir das minhas angustias (tão pequena e já consegue ser tão estúpida) lá a consegui enfiar, não sem vários passos dignos de um controcionista de renome, no vestido de veludo preto....pois claro, mas então o que é que esperam? É claro que a rapariga foi trajada a rigor de.....vampira.... uma capa preta com plumas, uma gola de entre-tela, olhos negros e doentios, sublinhados a vermelho, pele branca e lábios carmim, uns caninos de borracha a completar o boneco. Perfeita! Pensei por um segundo...não menos de um segundo. A gaja começa a pôr e tirar os dentes, e em menos de nada, a palidez que tanto trabalhinho deu a conseguir aqui ao "je", deu lugar a um ar corado/esborratado...é que já havia baton vermelho sangue até no olhinho do rabo da gaiata!!!!! Xiça!!!
Lá ultrapassámos, o momento doloroso de voltar a pôr tudo (e refiro-me à cara dela) no lugar, e já atrasadas, as usual, saímos em direcção ao ponto de encontro. Afinal de contas não havia desfile, afinal estava a chover (ai sim? olha que não se deu por nada!), afinal e festa escolar era no pavilhão multi-usos lá do burgo e assim foi....ou era pra ter sido...porque a meio da manhã, a chuva deu tréguas, por....meia hora se tanto, e lá foram em magotes os miúdos todos, desfilar pelo centro da cidade. Escusado será dizer que antes de poderem voltar ao dito pavilhão, recomeçou a chover e o resultado foi, no que me diz respeito, um nariz (ainda) mais entupido que à partida, e ranho, muito ranho.
O fim de semana, foi passado no sossego do lar.
Até parece uma coisa assim, pró idílico e tal. O sossego do lar foi um jantar de família, porque o marido fez anos e prontoS. Não preciso de me alongar, porque seria mais do mesmo, muita gente, uma trabalhêra, e etc, etc, etc.
Há quase uma semana que ando a embonecar a mais pequena. Hoje vou de gato! ai vais...? Estou bonita? Vá faz-me aqui uns bigodes, isso mesmo, tás a ver? Pareço o Rex! Pois pareces...especialmente porque estás de preto e o Rex é branco.....E à tarde vou de princesa! ......
Aquele vestido cor-de-rosa e a cabeleira loira que o meu pai me comprou! (é quase uma ordem...quer dizer...é uma ordem). Lá foi de manhã de gato à tarde de princesa, e no dia a seguir, preparava-se com grande pompa o desfile escolar. Um frio daqueles de rachar lenha, uma chuvinha miudinha que mais pareciam agulhas de gelo e aquele ventinho suão que seca até a pele da sola dos pés! Um espectáculo! Lá a atafulhei de...deixa cá ver....duas camisolas interiores, mais uma de gola alta e pra rematar uma camisola polar, boa! Em cima de tudo isto, e já com a gaiata a rir das minhas angustias (tão pequena e já consegue ser tão estúpida) lá a consegui enfiar, não sem vários passos dignos de um controcionista de renome, no vestido de veludo preto....pois claro, mas então o que é que esperam? É claro que a rapariga foi trajada a rigor de.....vampira.... uma capa preta com plumas, uma gola de entre-tela, olhos negros e doentios, sublinhados a vermelho, pele branca e lábios carmim, uns caninos de borracha a completar o boneco. Perfeita! Pensei por um segundo...não menos de um segundo. A gaja começa a pôr e tirar os dentes, e em menos de nada, a palidez que tanto trabalhinho deu a conseguir aqui ao "je", deu lugar a um ar corado/esborratado...é que já havia baton vermelho sangue até no olhinho do rabo da gaiata!!!!! Xiça!!!
Lá ultrapassámos, o momento doloroso de voltar a pôr tudo (e refiro-me à cara dela) no lugar, e já atrasadas, as usual, saímos em direcção ao ponto de encontro. Afinal de contas não havia desfile, afinal estava a chover (ai sim? olha que não se deu por nada!), afinal e festa escolar era no pavilhão multi-usos lá do burgo e assim foi....ou era pra ter sido...porque a meio da manhã, a chuva deu tréguas, por....meia hora se tanto, e lá foram em magotes os miúdos todos, desfilar pelo centro da cidade. Escusado será dizer que antes de poderem voltar ao dito pavilhão, recomeçou a chover e o resultado foi, no que me diz respeito, um nariz (ainda) mais entupido que à partida, e ranho, muito ranho.
O fim de semana, foi passado no sossego do lar.
Até parece uma coisa assim, pró idílico e tal. O sossego do lar foi um jantar de família, porque o marido fez anos e prontoS. Não preciso de me alongar, porque seria mais do mesmo, muita gente, uma trabalhêra, e etc, etc, etc.
Vamos fazer de conta que não aconteceu, e saltar directamente para a Terça-Feira de Carnaval, ou gorda como lhe chamavam nos antigamentes.
Outra vez a correria. Mas desta vez a três. Era o desfile Carnavalesco, e os escuteiros iriam vestidos de índios.....(no caso lá de casa, nem era preciso disfarce, mas pronto). Os mais velhos com uma disposição que nem vos conto, mesmo sem o traje, já faziam mentalmente a dança da chuva. E nem era preciso, porque o dia amanheceu molhado e adormeceu encharcado, sem descanso! Vestiram-se, pintei-os, lindos! Um machado, uma pena, dá cá os papelinhos, toma lá a cabeleira, não me pises as tranças, pareces um índio palhaço, eu pareço um pedinte! Não chores, tu não vês que é Carnaval. Escada a baixo aos encontrões, vá, agora todos a postos, sorriso! não queres! Ai queres queres! Eu quero uma fotografia dos três e mais nada! Entendido! Parece que entenderam. Aos trambolhões, e já atrasados (olha que novidade....) tudo pra dentro do carro, debaixo de mais uma bátega de água. Chegados ao local agendado, o diluvio deu-se. Os carros alegóricos desmoronavam-se ali diante dos nossos olhos, flores plissadas, abelhas e outros bichos escorriam pelo chão. Bonito! Afinal é Carnaval, há que ter espírito!
Meia volta e casa!!!! Os mais velhos aplaudiam efusivamente e a pequena atava um burro maior que ela no banco traseiro do automóvel.
Acabou tudo desfardado e despintado sentado numa mesa do café do Pingo Doce a comer pão com manteiga e a beber leite com chocolate. Há que ter espírito!
Isto tudo pra dizer que a mim, só a palavra "desfile" me dá uma coisinha na pele, e uma volta no estômago, que nem sei como explicar!
Mas quem é que se lembrou desta coisa dos desfiles! Não sei se já repararam mas estamos em Fevereiro, hemisfério norte duhhh! Mas não, é ver uma cambada de caras de monos, semi-despidas/os, sem o mínimo sentido de ritmo (não nos está no sangue) no meio das ruas, e com toda a certeza a arranjarem uma carga de trabalhos a alguém! Gripes, constipações, quiçá até pneumonias! Ahhh poizé!
Não quero dizer com isto que não gosto do Carnaval, nada disso, cá em casa sou a única amante desta festa. Mas lembram-se dos bailes? Bailes dentro de casa, nas colectividades, até altas horas da manhã? Lembram-se? Esses ao menos eram tradição nossa, não esta coisa do samba desfilado na rua!
Podem achar-me saudosista, melancólica, velha, o que seja, mas sinceramente acho esta forma de encarar o Carnaval, uma estupidificação das tradições. Aliás, cada vez mais me convenço que quanto mais sabemos mais parvos vamos ficando.
Anyways, siga o baile!
Muita atenção que este post tem já dois ou três dias de gaveta, bem sei que o carnaval já foi e isso tudo. Pronto é só!
Pics do Pai Zé Manel, retocadas pela Nônô